Recentemente, tenho vindo a pensar bastante e a formular ideologias sobre alguns tipos de arte e o que elas representam, quer em termos de significado universal (o que é globalmente considerado pela maioria como excepcional) quer em termos de significado pessoal, visto que qualquer um de nós pode encontrar beleza no banal, no mais insignificante das coisas, onde nornalmente mais ninguém encontra, ou porque não se está realmente a ver ou porque ver nem sempre significa "assimilar com os olhos".
Uma das conclusões que recorrentemente vinha a formar prendia-se com o facto da sétima arte não estar ao mesmo nível de outras artes mais clássicas como a música, literatura, ou a pintura. Considerava eu que estas ultimas seriam mais eruditas, que teriam maior facilidade em ecoar na linha cronológica do tempo, que a sua mensagem e o seu valor poderiam atingir patamares universais e/ou pessoais inalcansáveis por qualquer obra de cinema.
Talvez houvessem alguns fundamentos reais para que esta ordem de ideias andasse a perpetuar no meu consciente, reais mas não lógicos.
Ano após ano, são-nos alimentadas quantidades incomensuraveis de filmes de qualidade dúbia ou intrisecamente medianos, e a meu ver, a grande maioria das pessoas que vão aos cinemas ou se sentam em casa em frente à tv ou ao pc não estão à procura de beleza, qualidade, arte. Estão sim à procura de passar algum tempo "entretidas" ou de um "date" fácil, já que podem poupar no latim durante umas duas horas e passar momentos agradáveis com o mínimo esforço, simplesmente a olhar para uma tela. Qualquer película serve estes propósitos e com isto, a indústria cinematográfica vai tendo relativo sucesso e a minha descrença pela sétima arte vai tendo a justificação real.
Tendo acabado de visualizar o "Into the wild" (2007) de Sean Penn, apoderou-se de mim o efeito "kick in the nuts", ou traduzindo para português , engoli a seco muito do que andava a pensar.
Este filme não fica em nada atrás em termos de valor, qualidade e mensagem comparativamente a outras obras apresentadas sob a forma de literatura, música, fotografia etc. Muito pelo contrário, fazendo jus aos pressupostos nos quais se ergueu a sétima arte, Into the wild utiliza e abusa de todos esses suportes, tornando-o assim numa experiência cinéfila variada e brilhante, como há já algum tempo eu não testemunhava.
Quer seja pelas constantes citações de clássicos literários como Liev Tolstói, Henry David Thoreau ou Lord Byron, quer seja pela banda sonora magnífica criada por Eddie Vedder (Pearl Jam) com a participação de Kaki King, quer pelo esplendido trabalho de fotografia realizado e pelo argumento de Sean Penn que nos mostra a beleza da natureza selvagem e o que é ser-se livre, Into the wild é uma obra sublime de arte que devia ser vista por todos, não só por ter qualidade universal e pessoal mas também por, de certa forma, ajudar a combater a descrença na sétima arte que se tem vindo a apoderar de muitas pessoas como eu, que julgo existirem por esse mundo fora.
tb gostei do into the wild, e devo dizer q me escorreu uma lagrimita no fim.
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